Guest-post produzido por Antonio Carlos Soares, CEO do Runrun.it, software de gestão de tarefas, tempo e desempenho.
Se você ainda enxerga a gestão financeira de uma empresa através da abordagem clássica da administração, saiba que, provavelmente, está vendo quase tudo por uma ótica embaçada. Sim, gerenciar e maximizar os recursos e a lucratividade de uma empresa continuam sendo os objetivos principais de sua função, já que a área está diretamente relacionada às responsabilidades financeiras.
Mas a forma como o gestor financeiro e a área de finanças se relacionam com esses objetivos mudou um pouco. Hoje, ela é menos técnica e muito mais estratégica. Atuar em conjunto com os outros departamentos, adicionando clareza aos processos, através da análise sistêmica e a apresentação dos dados, por exemplo, é fundamental. É essa a visão que o gestor financeiro precisa incorporar e que a cultura da empresa deve incentivar. Nas próximas linhas, vamos te ajudar nessa missão.
Um papel estratégico
Antes de tudo, é importante entender o perfil ideal que um gestor financeiro demanda e reconhecer o protagonismo de sua área no funcionamento de uma empresa. Para o modelo de negócio, ela é base fundamental do planejamento estratégico e operacional, no controle dos resultados. Com base na organização financeira, é possível iniciar os modelos de gerenciamento de uma empresa. O financeiro não se retém a informar dados, ele deve auxiliar os demais gestores a tomar decisões baseadas em fatos.
Uma boa gestão financeira permite avaliar como seu capital rodou no passado e o que está acontecendo no presente. Ou seja, não há planejamento estratégico em nenhuma área sem dados que apontem possibilidades de atuação. Com tal importância, a gestão financeira não pode estar isolada do restante da empresa, certo? Mas, muitas vezes, está.
Que merece atenção
Se antes o departamento financeiro funcionava quase como uma área de apoio, independente do restante da organização, responsável exclusivamente por atividades transacionais e de controle, hoje, na Era da informação, as ações bem-sucedidas são movidas por estratégias interdisciplinares, que diminuem o risco das decisões e potencializam as chances de sucesso. Se antes o gestor financeiro atuava distante dos outros departamentos, hoje é essencial seu envolvimento e atuação com os demais.
Como gestor e líder de processos, além do conhecimento técnico, o aspecto comportamental merece atenção especial. Para isso, é fundamental que ele incorpore competências de liderança (inclusive, se você têm interesse no assunto, aqui está um artigo com 20 sinais de que você já é um líder, mas não sabe). Por ora, destacamos alguns aspectos fundamentais para a capacidade de liderança de um gestor de qualquer área:
a) Inovação – desafiar a qualidade dos processos – eficiência operacional.
b) Trabalho em equipe e formação de talentos – equipes de alta performance.
c) Gestão de performance – estabelecer metas e indicadores de desempenho precisos.
d) Comunicação eficiente – a habilidade de comunicar de forma clara e persuasiva para equipes de sua área e externas.
E que evoluiu muito!
De um lado, as atividades transacionais, contas a pagar, a receber e as operações fiscais. De outro, as atividades de controle, a geração de relatórios, a contabilidade e auditoria tomavam conta da rotina do gestor financeiro, limitando suas atividades à supervisão, julgando decisões e resultados com base somente em seu conhecimento técnico. O resultado? Nem sempre os processos e os objetivos financeiros da empresa estavam alinhados e eram transparentes para todas as áreas.
No entanto, hoje existe uma gama de soluções que conseguem modificar esse contexto rapidamente – ferramentas de gestão que eliminam praticamente todas as dificuldades relacionadas aos processos burocráticos, e que ainda oferecem transparência, otimizam o desempenho, diminuem riscos e erros. Em linhas gerais: preservam o tempo do gestor financeiro das atividades operacionais para que ele possa se dedicar às tarefas estratégicas.
É importante ressaltar que esse princípio da integração dos departamentos que falamos, também se aplica na implementação das ferramentas de gestão: quanto mais áreas incorporarem as mesmas metodologias, melhores serão os resultados, a comunicação e o envolvimento entre elas.
Concluindo…
Hoje, o maior desafio do gestor financeiro é liderar seu time para ultrapassar a áurea funcional que envolve o departamento de finanças estimulando a participação ativa da equipe no processo de decisão, contribuindo com valor e qualidade. É preciso ter uma abordagem racional sem se esquecer que muitas decisões são emocionais e que o gestor financeiro deve ser o agente que contribui para diminuir erros que permeiam a decisão, partindo de uma abordagem humana da gestão financeira. A estratégia para isso é simples: deixar de ser “função finanças” e se transformar em parte do negócio.
Mas, quando falamos que um gestor também deve incorporar um líder, vale a leitura de um artigo sobre gestão e cultura publicado na Harvard Business Review, que alerta: “mesmo quando se preocupa com o lado humano, o bem-estar de seus colaboradores e a satisfação de clientes e de outros stakeholders, e se empolga com o desafio de conduzir um processo de gestão de mudança, um gestor tem, de regra, o objetivo de trazer retorno ao acionista e, portanto, gerar resultados financeiros.” A ressalva triplica de importância, principalmente quando se trata de uma área cujo objetivo maior é a atividade econômica.
Por isso, dar suporte à decisão é mais um, e não o único pilar de uma boa gestão financeira. Os pilares tradicionais (atividades transacionais e de controle) são tão importantes quanto e, como tal, devem ser desempenhados de forma eficiente. Inclusive, atualmente, com pessoas que pensam e repensam os processos e a tecnologia a serviço da melhora dos objetivos estratégicos, isso é bem mais fácil, já que essas responsabilidades dizem respeito às atividades repetitivas dentro da área, a automação de processos com utilização intensa da tecnologia é um caminho bem interessante.