Fazer um planejamento financeiro correto é um grande desafio para qualquer empresa. Grande parte do sucesso de um negócio vem de uma boa organização do fluxo de caixa, portanto, é preciso saber apurar com exatidão o Custo das Mercadorias Vendidas, ou CMV.
Porém, não é incomum encontrar empresários que ainda não entendem muito bem contabilidade, finanças e que desconhecem esse indicador para avaliar se seu negócio está de fato rendendo o esperado. Se você ainda não sabe como fazer isso, não se preocupe. Sendo assim, preparamos um post completo para explicar a importância de saber o CMV de seus produtos e como calculá-lo da forma correta. Confira!
O que é o Custo das Mercadorias Vendidas (CMV)?
Toda vez que uma venda é feita, o valor que você recebe não corresponde ao seu lucro. Para descobri-lo, você precisa antes descontar todas as despesas que você teve até ali, seja para comprar e armazenar o produto, atender o cliente, manter a loja aberta, pagar os impostos, remunerar seus funcionários, entre outras coisas. Logo, para conseguir lucrar bem com seu negócio, você precisa manter esses custos no nível mais baixo possível.
O CMV, ou Custo das Mercadorias Vendidas, representa a soma das despesas que uma empresa tem para produzir, armazenar e comercializar uma determinada mercadoria, até que a venda ocorra e se transforme em receita para a empresa.
Por isso, o seu controle é mais do que essencial para qualquer operação de vendas. Será por meio do CMV que você terá a dimensão exata de como sua empresa está lucrando e de que forma ela pode melhorar.
Entre todos os custos envolvidos em um negócio, o custo de venda de seus produtos é, certamente, o que requer mais atenção, pois ele está sujeito diretamente à alteração de preços dos fornecedores, além de poder sofrer mudanças e perdas a todo momento.
Como calcular o CMV?
O cálculo do custo das mercadorias vendidas está relacionado diretamente à situação dos estoques da empresa. Por isso, para obtê-lo, é necessário conhecer três indicadores:
- O valor do estoque inicial dos produtos que a empresa tem, que é igual ao do estoque final do período anterior;
- O valor das compras realizadas durante o período, que é encontrado a partir dos registros efetuados quando elas ocorrem;
- O valor do estoque no final do período, apurado pela contagem de produtos.
Logo, o Custo das Mercadorias Vendidas pode ser encontrado por meio da seguinte equação:
CMV = EI + C – EF
Onde:
EI = Estoque Inicial
C = Compras
EF = Estoque Final
Com isso, depois de calculado o CMV, é possível descobrir como foi o resultado geral das vendas da empresa, determinando se ela obteve lucro ou não.
Se a receita obtida com as vendas for maior do que o Custo das Mercadorias Vendidas, a empresa teve lucro bruto. Se o valor vendido for menor do que o CMV, a empresa teve prejuízo na venda das mercadorias.
Assim, por meio da equação, o resultado é apurado:
RCM = V – CMV
Onde:
RCM = Resultado Com Mercadorias
V = Vendas
CMV = Custo das Mercadorias Vendidas
Exemplo de cálculo
Vamos a um exemplo:
No início de um ano uma empresa possui 200 unidades de um produto em seu estoque, compradas por R$1,50 cada. Logo, seu estoque inicial vale R$300.
Essa empresa realizou diversas compras durante o ano, que no final totalizaram 400 unidades. Todas elas também foram adquiridas pelo preço de R$1,50 cada. Logo, o total de compras do período foi de R$ 600.
Ao mesmo tempo, uma boa parte desse estoque foi vendida ao longo do ano. Sendo assim, registrou-se contabilmente tudo que foi vendido, e no final do ano, apurou-se um faturamento de R$950 com as vendas.
Como cada produto teve um custo de R$1,50 cada, conclui-se que o valor do estoque final é de R$165.
Nada mais sendo informado, conclui-se que o Custo das Mercadorias Vendidas no período foi de:
CMV = EI + C – EF = 300 + 600 – 165 = R$735
Já o resultado com mercadorias do período totalizou:
RCM = V – CMV = 950 – 735 = R$215ƒ
O valor encontrado como resultado com mercadorias é também designado por resultado operacional bruto ou, simplesmente, resultado bruto, que dependendo de seu valor (positivo ou negativo), resultará em lucro bruto ou prejuízo bruto.
Observações gerais
Para simplificar, desconsideramos em nosso exemplo a incidência de impostos recuperáveis, como pode acontecer com ICMS. Ela ocorrerá da seguinte forma:
Pelo Simples Nacional: Custo = Valor unitário + Frete + Outras Despesas + Seguro + ICMS ST + IPI + II – Descontos.
Por lucro presumido: Custo = Valor unitário + Frete + Outras Despesas + Seguro + ICMS ST + IPI + II – Descontos – ICMS*.
Por lucro real: Custo = Valor unitário + Frete + Outras Despesas + Seguro + ICMS ST + IPI + II – Descontos – ICMS* – PIS – COFINS
*O ICMS só será deduzido caso o ICMS ST do produto seja igual a zero.
Quais são as formas de controle de estoque?
É importante lembrar também que os custos de estoque podem sofrer variações durante o período analisado. Quando isso acontece, as empresas normalmente fazem uso de um custo médio para suas mercadorias, somando o valor total de tudo e dividindo pelo número de itens.
Porém, algumas empresas optam por encontrar seu CMV de forma mais detalhada, analisando individualmente os preços de entrada e saída de cada mercadoria da empresa. Esse é um tipo de controle mais contínuo, que vai acontecendo de acordo com o fluxo dos itens vendidos.
Dessa forma, a avaliação do CMV por meio do controle permanente de estoque pode ser feita por meio de dois métodos diferentes:
PEPS: O custo da mercadoria vendida será contabilizado com base no valor das mercadorias mais antigas do estoque.
UEPS: (Último que entra é o primeiro que sai): O custo da mercadoria vendida será contabilizado com base nas mercadorias que forem mais recentes no estoque. Esse método é pouco usual e não é aceito pelo Fisco.
Como um ERP pode ajudar?
É muito difícil realizar todos esses lançamentos e cálculos de forma manual, independentemente do porte da empresa. Porém, hoje em dia, a tecnologia permite que tudo seja feito de maneira mais fácil por meio de um sistema de gestão (ERPs) que consegue realizar todo esse trabalho sozinho.
Esses sistemas já contabilizam todos os dados de forma automática, informando desde a valoração dos estoques, entrada e saída, impostos, cálculo do custo médio, faturamento e muito mais — de forma rápida, prática e confiável. Por meio de um ERP, você consegue monitorar o valor do CMV de suas vendas diariamente, possibilitando a tomada de decisões mais instantânea e melhorando o desempenho da empresa.
Sendo assim, esperamos que você tenha entendido os pontos básicos para não errar no cálculo do seu CMV. Para continuar aprendendo e aprofundando seus conhecimentos sobre contabilidade e finanças, confira o post Custos, gastos e despesas: entenda a diferença!